Ninguém falou que seria fácil. 
Relações em constante transformação. Um jogo de amarelinha para adultos. Um espetáculo ácido e afetuoso e que mistura o cotidiano e o inusitado em uma estrutura fragmentada que inclui filmes franceses dos anos 70, dança contemporânea, dramas familiares, exercícios metalingüísticos e fábulas para crianças. 

FOGUETES MARAVILHA

Foguetes Maravilha

Em 2008, Alex Cassal e Felipe Rocha, após sucessivos encontros em espetáculos de artistas como a coreógrafa Dani Lima e o diretor inglês Robert Pacitti, se reuniram para uma colaboração que resultaria nos Foguetes Maravilha. “Ele precisa começar”, o primeiro texto de Felipe Rocha, com direção de ambos e atuação de Felipe, estreou neste mesmo ano no Rio de Janeiro e desde então participou de temporadas e festivais atravessando o território brasileiro, de Manaus a Salvador, de Brasília a Porto Alegre. Em sua temporada em São Paulo, “Ele precisa começar” foi recomendado ao público pelos dois maiores jornais paulistas.
Em 2009 Felipe Rocha e Alex Cassal se juntaram ao diretor Tiago Rodrigues e aos artistas do grupo português Mundo Perfeito, e desenvolveram a edição daquele ano do projeto “Estúdios”. Este projeto resultou na criação e na apresentação no Teatro Maria Matos, em Lisboa, de três espetáculos teatrais: “Bobby Sands vai morrer, Thatcher assassina”, “Pedro Procura Inês” e “Sempre”. Na mesma ocasião, participaram com os solos “Alcubierre” e “Uma história nefanda” do projeto Cartões de Visita, apresentado numa piscina desativada de Lisboa. Este seria o embrião do espetáculo “2histórias”, interpretado por Felipe Rocha e Alex Cassal, com textos de Cassal e Sérgio Sant’anna.
Em 2010, Felipe Rocha recebeu a bolsa do Centre International des Récollets – Paris para escrever o texto teatral “Ninguém falou que seria fácil”. Mais uma vez dirigido por Felipe Rocha e Alex Cassal, e interpretado por Renato Linhares, Felipe Rocha e Stella Rabello, este espetáculo estreou no Rio de Janeiro em 2011, tendo realizado temporadas exitosas e recebendo elogios unânimes da crítica carioca. Por este texto, Felipe Rocha foi indicado ao Prêmio Shell na categoria Autor.
Em 2011, Foguetes Maravilha realizou sucessivas temporadas dos espetáculos “Ele precisa começar”, “Ninguém falou que seria fácil” e “2histórias” em teatros do Rio de Janeiro, além de viajar com seus espetáculos por festivais em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Brasília.

INDICAÇÕES


Pelo texto de “Ninguém falou que seria fácil”, Felipe Rocha está concorrendo ao Prêmio Shell 2011 na categoria Autor. A relação completa de indicados está em www.shell.com
Os Foguetes Maravilha também estão concorrendo ao Prêmio Questão de Crítica nas categorias textodireçãoespetáculo e elencowww.premioqdc.wordpress.com
Segundo o crítico teatral Lionel Fischer, a peça foi um dos destaques do primeiro semestre de 2011 em três categorias – texto, direção e iluminação: www.lionel-fischer.blogspot.com

Um momento privilegiado de bom teatro.


Inteligente e original, peça é um exemplo da nova dramaturgia
Bárbara Heliodora
É mais do que gratificante assistir a uma peça original, inteligente, com conteúdo e divertida, de um jovem autor nacional; “Ninguém falou que seria fácil”, de Felipe Rocha, é tudo isso, como pode ser constatado no Teatro Maria Clara Machado (Planetário) até o fim de abril. Toda uma série de episódios, que nascem de forma aparentemente aleatória mas na verdade estão controlados por mão forte, apresenta variados aspectos de comunicação humana, principalmente dentro do quadro familiar. Cada segmento, é preciso dizer, tem sua própria dinâmica, seu próprio e vivíssimo diálogo, tudo isso interpretado por um elenco de três atores que mudam de personagem e funcionalidade, compondo um todo coeso, que transmite o que o autor dizer. A maior prova da qualidade da peça é a rapidez com que a plateia se integra com uma dramaturgia de considerável originalidade. A única restrição possível seria a de a obra se prolongar um pouquinho mais do que aquilo que seria necessário, pois no final alguma coisa passa a impressão de estar sendo reapresentada.

É como uma brincadeira de criança



Dia 30 de agosto, no Centro Cultural Matarazzo, o grupo Foguetes Maravilha apresentou a peça “Ninguém Falou que seria Fácil”, com direção de Alex Cassal e texto e co-direção de Felipe Rocha.
A estrutura da peça se apresenta, logo de início, toda muito fluida. Seja pelo cenário, muito informal, que o público não se sente constrangido em atravessar logo que entra (e, eventualmente, enquanto sai), seja pela entrada do primeiro ator em cena, que se entra, massageia os pés, conversa com a produção, observa os espectadores enquanto terminamos de nos ajeitar. Aí já se insinua uma das características principais que estará presente ao longo de todo o espetáculo: a convenção da cena é toda escancarada, vai se estabelecendo diante dos olhos do público, como se fosse sendo construída ali, naquele momento, sem nunca ter existido antes.

Divertido revezamento pelos personagens de uma família


Ninguém falou que seria fácil. Felipe Rocha é o autor desta pequena pérola do nonsense em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto. Os personagens da peça, pai, mãe e filha, trocam de intérprete no palco, em afiado jogo cênico. Nomes pouco conhecidos do grande público, os versáteis Rocha, Stella Rabello e Renato Linhares alternam diálogos com divertidos movimentos coreográficos. Nesta brincadeira levada a sério, há espaço para, em dado momento, os dois homens do elenco encarnarem os papéis de marido e mulher sem resvalar na caricatura. Em outro achado do espetáculo, um devaneio por momentos da vida como a velhice, encontros amorosos, a hora do parto ou a morte, Stella representa uma menina que se recusa a largar a chupeta — e usa argumentos bastante adultos para convencer o pai a manter o hábito da infância.
Carlos Henrique Braz – Revista Veja

Lúdica exposição de flashes de vida

Macksen Luiz

A ação não é contínua. Os tempos não são demarcados pela sequência dos segundos. O jogo não tem regras que se precise conhecer de antemão. As interseções de cenas não se fazem pela lógica dramática. A recepção da plateia não é induzida a identificar signos. Ninguém falou que seria fácil se localiza para além dessas negativas, e se afirma como consequência de integridade criativa que propõe uma dramaturgia viva, revitalizada, que incorpora a participação do espectador como personagem atuante desta lúdica exposição de flashes de vida. Casais em desavença, crianças que não querem abandonar a chupeta, adultos indiferentes ao medo infantil, solidão como estado de beligerância com o mundo, sentimentos exibidos em painel

Adorável brincadeira de criança

Por Lionel Fischer.
                                                                                                                                      
                                                                                                                                            
                                                                
“Como em uma brincadeira de criança, um jogo de amarelinha fragmentado e mutável, os personagens saltam da infância para as angústias da vida adulta, da velhice para o encontro amoroso, da sala de parto para a morte. Assim que os espectadores se acomodam, uma discussão de casal inicia uma vertiginosa troca de papéis, que irá carregá-los por lugares, épocas e situações diversas. Um homem se torna pai mas não quer deixar o colo da mãe, uma filha argumenta racionalmente sobre as razões para não largar a chupeta, um jovem recém-formado decide hibernar, irmãos disputam comida e carinho em duelos cinematográficos, os filhos crescem e se tornam pais…”

Submersão e respiração de uma dramaturgia com teor de cena

Por Dinah Cesare



O melhor modo de apresentar as ideias que surgiram a partir do espetáculo Ninguém falou que seria fácil talvez seja tentar esboçar os traços de um pensamento que ainda não pode ser consumido pela escrita. O que seria um lugar comum da escrita, o fato de ser uma expressão da linguagem e, portanto, conter uma medida de indizível e de disforme, se evidencia pela matéria mesma do espetáculo configurado por uma narrativa que busca um trânsito entre a postura dos criadores, dos atuantes e dos receptores. Minha perspectiva aqui foi fisgada pelo o que Daniele Avila escreveu no texto que está no programa. Para refletir sobre o trabalho desenvolvido pela companhia Foguetes Maravilha,

Escrevendo a cena do seu tempo.


de repente num rompante felipe rocha rompe com a roupagem teatral. manda o bom gosto às favas, faz do palco seu barraco. barroco? desde seu primeiro trabalho, “ele precisa começar”, a dificuldade extrema de se contar algo. se as grandes narrativas faleceram, então valem todas.
e felipe traz brilhante a vida pra dentro do palco. e leva o palco pra fora dele. a família, as viagens. se é difícil construir, então, que tudo se desconstrua. e ainda se aprende que se constrói, desconstruindo e se desconstrói, construindo. na cena tudo se move: cenário, luz, o corpo. as narrativas se amalgamam vertiginosas. tudo se mexe. tudo se move. capital volátil. bonde sem freio. em queda livre nesse espaço infinito. rio, brasil. mundo. nessa galáxia agora. felipe rocha faz uma visita guiada nesse ninguém ….
os personagens passam de mão em mão. renato, stella, felipe, sintonia perfeita na cena. alex cassal por trás da cena, orienta. “ninguém falou que seria fácil” é uma peça libidinosa, etílica. (a cena do sapo cansado, coelhinho roberval e o vovô é uma lenda ). parabéns a turma toda. escrevendo a cena do seu tempo.
Ricardo Chacal em CEPVINTEMIL